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Espetáculos

Breve histórico do processo criativo

A partir da ambição de fazer um processo criativo no qual nossos desejos investigativos pudessem ser desenvolvidos praticamente, INTEMPÉRIES: Ruminações sobre Pertencer nasceu da inquietação – comum a todos às integrantes do coletivo a respeito daquilo que nos pertence e o que não nos pertence: O que é meu? O que é do mundo? Como dar sentido a palavra pertencimento diante de um tempo tão fugaz e efêmero?

Tal interesse temático não surge apenas pelo reconhecimento da pertinência desta inquietação – que, embora individualmente localizada, emerge nos tempos atuais como um dos mais claros efeitos-colaterais de nossa sociabilidade líquida – mas também por perceber que tais questões se apresentam materialmente em nosso cotidiano. Como diz Maria Rita Kehl: “Nossos corpos nos ‘pertencem’ muito menos do que acreditamos. Não são propriedades nossas – eles nos ultrapassam. Eles são falados e incorporados pela ideologia, pelo mercado, pelas diversas modalidades da microfísica do poder.”

Acreditamos que o questionamento a respeito do nosso pertencimento ou não, a nós mesmos e ao mundo, não se configura como mero enclave intelecto-existencial, ele se apresenta fisicamente em nossos corpos e por isso merece ser pensado e discutido corporalmente. Sendo assim, partindo de um modesto estudo sobre Bauman – com suas formulações sobre a “sociedade liquida” – e Foucault – com a “microfísica do poder” – nos propusemos a refletir sobre as formas como nos articulamos socialmente hoje em dia, reconhecendo que as formas como nos relacionamos estão intimamente ligadas aos sintomas de angustia que nos inquietam.

Basicamente o que percebemos é que: perdidos em meio à ilusão de liquidez e fluidez do mundo contemporâneo, em que nada se apresenta imutável, e onde a velocidade e a virtualidade parecem eliminar distancias e fronteiras, temos perdido a clareza (se é que algum dia a tivemos) a respeito de como se organizam os poderes em nosso mundo. A aparência rígida de dualidades como “dominantes X dominados” gera a ilusão de que ela já não cabe em nossos dias, como se essa não fosse uma relação essencialmente móvel, em constante deslocamento tanto nas micro quanto nas macro estruturas. Dessa forma, sem reconhecer de onde vem e para onde se direcionam os vetores das forças que nos movem, não temos clareza das conseqüências e responsabilidades de nossos atos, assim como não temos clareza de quem ou o que somos.

Para construir esta peça, Intempéries: Ruminações Sobre Pertencer, além as referências teóricas citadas acima, também utilizamos exercícios de observação e percepção das dinâmicas dos corpos nessas relações e sua expressividade no cotidiano, isso sem excluir, a observação de nós mesmas diante de tais situações e questões.

Intempéries: Ruminações Sobre Pertencer

Sinopse

Intempéries nasceu do debruçamento sobre aquilo que nos pertence e o que não nos pertence: O que é meu? O que é do mundo? Como dar sentido a palavra pertencimento diante de um tempo tão fugaz e efêmero?

Trata-se de refletir corpórea e criativamente estas inquietações sobre tudo o que se liquefaz com facilidade, sobre a angústia dos indivíduos que se chocam todos os dias como corpos que se misturam, transbordam e se cruzam sem se encontrar. A água é o símbolo do que nos escapa, cujo potencial doce ou salino, de ebulição ou congelamento é metáfora de nossa condição social.

Intempéries é enfim, um depoimento coletivo que dança e discorre este cotidiano cheio de tempestades coabitando e investigando as linguagens da cena, existindo na fronteira entre elas e apostando na possibilidades criativas de seu hibridismo.

 

“Intempéries: Quaisquer condições climáticas que estejam mais intensas; vento forte, chuva torrencial, péssimo ou mau tempo; tempestade. Águas profundas, desconhecidas, liquidez de despropósitos, condições adversas; obscuras.” 

FICHA TÉCNICA

Coordenação, direção e concepção de projeto: MUMBRA corpomóvel 

Intérpretes-criadoras: Aline Alves, Isis Marks, Letícia Vaz, Marcela Páez
Concepção e Direção Musical: Tiê Campos
Iluminação: Giuliana Cerchiari
Voz e Canto: Maria Valentina
Baixo Acústico: Noa Stroeter
Operação de Luz: Giuliana Cerchiari, Nara Zocher
Registro Audiovisual: Alberto Greiber Rocha, Ju Borghi, 
Marcelo Carreño e Michel Igielka
Vídeo: Lilit Laboratório Digital, Marcelo Carreño (Buenpaso filme)
Arte Gráfica: Ananda Sueyoshi
Poema: Alice Sant’Anna
Provocadores: Lu Favoreto, Julio Groppa

Vídeos

Teaser divulgação 

Produção Lilit Laboratório Digital

Imagens: Ju Borghi e Julia Bisilliat

Edição e Voz: Sabrina Wilkins

Poema: Rabo de Baleia - Alice Sant'Anna

Teaser resumo

Produção Carreño Films

Imagens e edição: Marcelo Carreño

Espetáculo na íntegra

SESC Ipiranga Jul/2016

Produção Carreño Films

Imagens e edição: Marcelo Carreño

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